Sabia que quase 1 em cada 3 crianças tem algum tipo de alergia diagnosticada? Desde sintomas mais leves como espirros e urticária até situações graves como anafilaxia, as alergias são uma preocupação crescente para pais e cuidadores.
A boa notícia é que a ciência tem trazido respostas que podem ajudar a reduzir este risco. E uma das mais surpreendentes é que, ao contrário do que se recomendava há alguns anos, introduzir certos alimentos cedo pode ser a melhor proteção.
Introdução precoce de alergénios alimentares
Até 2015, a recomendação médica era adiar o contacto com alimentos considerados de risco (como amendoim, ovo ou leite) até depois dos 2 ou 3 anos. Mas estudos recentes, como o famoso LEAP Study sobre alergia ao amendoim, mostraram exatamente o oposto: oferecer alimentos alergénicos entre os 4 e os 6 meses, quando o bebé já consegue manter a cabeça firme e engolir bem, pode diminuir a probabilidade de desenvolver alergias.
Hoje, especialistas em alergologia pediátrica recomendam que os bebés, sempre que possível, tenham contacto precoce com alimentos como:
- Ovo
- Leite
- Soja
- Trigo
- Amendoim
- Frutos secos
- Peixe
- Marisco
- Sésamo
⚠️ Exceções: crianças com eczema grave ou já com alergia diagnosticada devem ser avaliadas antes por um especialista.
Como introduzir de forma segura
- Começa com pequenas quantidades: por exemplo, ¼ de colher de chá de manteiga de amendoim diluída em papa ou fruta amassada.
- Observa a criança durante 10-15 minutos antes de aumentar a dose.
- Aumenta gradualmente até chegar a uma porção adequada (2 colheres de chá é um bom objetivo no caso do amendoim).
- Mantém o contacto regular: só provar uma vez não basta. É importante que esses alimentos façam parte da dieta com frequência (no caso do amendoim, cerca de 3 vezes por semana).
Nem só de alergias alimentares se fala
Curiosamente, estudos também sugerem que exposição precoce a outros alergénios — como pó ou pelos de animais de estimação — pode reduzir o risco de alergias em geral. Parece contraditório, mas o contacto controlado ajuda o sistema imunitário da criança a “aprender” a distinguir ameaças reais de estímulos inofensivos.
O que isto significa para as famílias?
- Não há razão para atrasar a introdução de alimentos “de risco”, a não ser que o pediatra indique.
- A diversidade alimentar é uma aliada poderosa: quanto mais variada for a dieta, mais robusta tende a ser a resposta imunitária.
- A introdução alimentar deve ser segura, gradual e acompanhada de informação clara — mas também natural e integrada no dia a dia da família.
O futuro começa no prato (e em pequenas migalhas)
Ao dar ao bebé oportunidade de explorar sabores e texturas cedo, não só estamos a reduzir riscos de alergia, como também a construir uma relação positiva com a comida. É uma forma simples, mas poderosa, de proteger a saúde e ao mesmo tempo alimentar o prazer de comer.
A mensagem central da ciência é clara: variedade, exposição precoce e regularidade são ingredientes-chave para um sistema imunitário mais equilibrado.
