Água na infância: muito mais que “matar a sede”.

Junho 6, 2025
3 min read

Sabia que o corpo de um bebé pode chegar a 80 % de água? Esta percentagem vai descendo com a idade, mas continua a ser maior nas crianças do que nos adultos. Por isso, quando a hidratação falha, o impacto é imediato: metabolismo lento, intestino parado, cérebro “a meio‑gás”. Neste artigo, revemos a importância da água, as necessidades por idade e estratégias simples para garantir que o cantil volta sempre vazio para casa.

Água: a “auto‑estrada” dos nutrientes

A água é solvente universal, meio de transporte de vitaminas e minerais, regulador da temperatura corporal e facilitador das reações bioquímicas que sustentam o crescimento. Sem ela, tudo abranda: absorção intestinal, síntese proteica e até ritmo de estirões ósseos.

Desidratação leve, cérebro lento

Perder apenas 1–2 % do peso em água já basta para reduzir a atenção e a memória de trabalho em idade escolar¹. Estudos recentes com crianças ativas mostram que a desidratação ligeira provocada por exercício prejudica o desempenho cognitivo, mesmo antes de surgirem sintomas clássicos como sede intensa.

Quanta água precisam?

As recomendações variam consoante a idade e o peso. Use estas faixas como guia diário de total de líquidos (água + sopas + frutas ricas em água):

Faixa etária / pesoIngestão adequada
0–6 mesesLeite materno ou fórmula satisfazem todas as necessidades
6–12 meses~800–1000 mL (incluindo sopas/papas)
1–3 anos1100–1300 mL (≈ 4 copos de 250 mL)²
4–8 anos1600 mL (≈ 5 copos)²
>8 anos5–8 copos; ajustar consoante atividade física e temperatura³

Dica prática por peso (fórmula de manutenção clínica)⁴: Até 10 kg: 100 mL/kg
11–20 kg: 1000 mL + 50 mL por cada kg acima de 10
> 20 kg: 1500 mL + 20 mL/kg acima dos 20 (máx. ~2400 mL)

Aumente 10–20 % em dias de calor, febre ou treino intenso.

Sinais de alerta

  • Boca seca ou saliva espessa
  • Urina escura ou menos de 3 micções/dia
  • Cansaço, apatia ou dor de cabeça
  • Olheiras fundas ou choro sem lágrimas (bebés)

Nestes casos, ofereça goles pequenos de água ou solução de reidratação oral e, se os sinais persistirem, consulte o pediatra.

Como pôr o “cantil a render”

  1. Água à vista: garrafa transparente na secretária ou mochila.
  2. Copos divertidos: palhinhas reutilizáveis, cores, autocolantes.
  3. Alarmes lúdicos: apps ou canções curtas de lembrete a cada 60 min.
  4. Fruta “hidro‑power”: melancia, pepino e laranja entram nas contas diárias.
  5. Exemplo dos pais: beber junto é a lição mais poderosa.

Conclusão

Água é nutrição líquida. Manter o copo (ou o seio) sempre por perto garante energia, concentração e crescimento saudável. Não espere sinais de sede — torne a hidratação parte natural da rotina familiar.


Referências

  1. Yüksel S, Akıl M. Mild Dehydration Triggered by Exercise Reduces Cognitive Performance in Children. J Am Nutr Assoc. 2024;43(7):627‑635. (pubmed.ncbi.nlm.nih.gov)
  2. European Food Safety Authority. Scientific opinion on Dietary Reference Values for water. EFSA Journal. 2010;8(3):1459. (efsa.europa.eu)
  3. American Academy of Pediatrics (via Children’s Hospital of Philadelphia). “How Much Water Should Kids Drink?” 2024. (chop.edu)
  4. National Library of Medicine. Nutrition and Hydration Requirements in Children and Adults. 2023. (ncbi.nlm.nih.gov)

Aviso educativo
Este conteúdo tem caráter informativo e baseia‑se em fontes públicas. Não substitui avaliação individual por pediatra ou nutricionista inscrito na Ordem dos Nutricionistas.

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