Sim, eles prestam atenção. E sim, podem ser os verdadeiros motores da mudança.
Primeiro foi a troca das palhinhas de plástico. Depois, os pedidos insistentes para separar o lixo. Agora, já querem hortas no quintal — ou na varanda.
Há uma nova geração de miúdos a pôr os pais na linha. E ainda bem.
A educação ambiental deixou de ser apenas um capítulo nos manuais escolares. Está no prato, na lancheira, na mochila. E muitos dos hábitos sustentáveis que vemos nas famílias… começaram com as crianças.
Quando o “não gosto de carne” é mais do que birra
É comum: aos 6 ou 7 anos, a criança recusar comer carne. Não por gosto, mas porque “não quer comer animais”.
Esta decisão, tantas vezes desvalorizada, pode ser o pontapé de saída para refeições mais conscientes.
🥦 Resultado?
Famílias inteiras a reduzir o consumo de carne, a procurar opções vegetais, a pensar de forma mais crítica sobre o que comem e de onde vem.
O poder da curiosidade: “Porque é que as embalagens não são todas recicláveis?”
Esta pergunta foi feita por um miúdo de 9 anos, numa escola em Almada. A mãe — gestora numa empresa alimentar — levou a dúvida para o trabalho. E adivinha? Hoje, a marca já tem três produtos com embalagem compostável.
📚 As crianças não só absorvem tudo como devolvem perguntas desconcertantes.
E essas perguntas, quando bem acolhidas, viram ações reais.
As escolas como campo de treino para a sustentabilidade
Muitas escolas portuguesas já têm projetos de:
- hortas pedagógicas
- compostagem
- menus vegetarianos semanais
- dias “sem desperdício”
Mas o impacto maior acontece quando esses hábitos saltam do recreio para casa.
Miúdos que pedem para reaproveitar comida. Que inventam receitas com sobras. Que preferem a fruta da época. Que cobram.
💬 Como disse a educadora Carla Mendes, de Setúbal:
“São eles que nos lembram de apagar a luz ou levar o saco de pano para as compras.”
Consumidores conscientes… antes mesmo de ganharem mesada
Entre os 8 e os 12 anos, muitas crianças já fazem escolhas com base em valores:
- evitam marcas que testam em animais
- preferem produtos locais
- reparam em excesso de embalagens
Sim, são influenciados por vídeos e youtubers, mas também pelo que vivem em casa.
🌍 O desafio? Não cortar o impulso com frases como “és pequeno para te preocupares com isso”.
Afinal, é essa preocupação que pode evitar estragos maiores no futuro.
Famílias que mudaram!!
Exemplos não faltam:
- A mãe que passou a ir ao mercado biológico porque o filho pediu menos plástico
- O pai que aprendeu a fazer granola caseira depois de uma aula sobre resíduos
- Irmãos que criaram um clube de troca de brinquedos na escola… e reduziram o consumo em casa
🚸 Pequenos gestos, grandes impactos.
Como estimular esse papel ativo?
Não precisa de dar lições formais, basta dar espaço para experimentar.
Envolver os miúdos em:
- preparar as marmitas
- escolher os vegetais no mercado
- pensar o menu da semana
- separar o lixo
- visitar produtores locais
Quanto mais participação, mais compromisso.
No fundo, os miúdos não querem salvar o planeta sozinhos. Só querem saber que estão a fazer a sua parte e que os adultos também estão.