As crianças passam cada vez mais tempo agarradas a tablets, telemóveis e televisões. E não é só a vista que sofre. Há um elo silencioso entre excesso de ecrã, noites mal dormidas e aumento de peso — e ele é mais sério do que parece.
De acordo com estudos recentes da Sociedade Portuguesa de Pediatria, o tempo de ecrã excessivo reduz as horas e a qualidade do sono, o que altera hormonas cruciais para o metabolismo e a sensação de saciedade. Resultado? Mais apetite por alimentos calóricos e menos energia para brincar.
O que acontece no corpo
Quando a criança dorme pouco:
- Aumenta a grelina — hormona que estimula a fome.
- Diminui a leptina — hormona que indica saciedade.
- O metabolismo abranda — menos gasto calórico, mais armazenamento de gordura.
E se ainda por cima está sentada durante horas a ver vídeos, o gasto energético cai a pique.
Recomendações de tempo de ecrã e sono
A OMS sugere:
- Crianças 3–4 anos: máximo 1 hora de ecrã por dia.
- Crianças 5–12 anos: até 2 horas.
E no sono:
- 3–5 anos: 10 a 13 horas por noite.
- 6–12 anos: 9 a 12 horas.
Estratégias para um equilíbrio saudável
- Desligar ecrãs 1 hora antes de dormir — ajuda o cérebro a “desacelerar”.
- Criar rotinas: hora certa para jantar, para se preparar para dormir e para apagar luzes.
- Trocar parte do tempo de ecrã por atividades físicas leves — um passeio em família pode fazer maravilhas.
O perigo não está apenas no que as crianças comem. Está também em como vivem, dormem e se movem. Limitar o tempo de ecrã e priorizar o descanso é tão vital para prevenir a obesidade quanto preparar um prato saudável.
Porque, no fundo, o corpo não engorda só à mesa — também engorda no sofá.